Apesar da esperança a greve dos médicos está longe do fim

UAB visita unidades básicas de saúde. Mudança de postura
da entidade foi fundamental
Talvez tenhamos que esperar a primavera chegar para a greve dos médicos de Caxias do Sul tenha um fim. Quando nós fizemos uma postagem sobre a audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, ocorrida no último dia 22, lançamos a pergunta:

ENCAMINHAMENTOS DA AUDIÊNCIA - serão em vão?

Bom o edital de privatização do SAMU foi adiado, não suspenso. Prefeitura e sindicato médico sentaram duas vezes para conversar, mas o fim da greve está ainda longe, muito longe. Na última reunião a fala, do presidente do sindicato médico, era de que não haveria como ter uma nova rodada de negociações antes de 15 dias. Tudo culpa do feriado de 7 de setembro. Se nada ficar acertado, e como temos mais um feriado, 20 de setembro, a solução do impasse está sendo empurrada cada vez mais para frente.

Mas pelo menos as partes estão conversando e cabe, agora, aumentar pressão para que a solução seja rápida. Na verdade cabe aqui um adendo. O prefeito Sartori, ainda não conversou com o sindicato e sim uma comissão por ele designada, a mesma de 500 dias atrás.

O que está ajudando a por um fim à greve?

Como o prefeito não reuniu com os grevistas (coisa que ele disse que não ia fazer), o que está contribuindo para que uma solução seja construída? No meu entendimento são dois os principais fatores:

1 - O corte do ponto dos grevistas: Os médicos não estavam acostumados a terem seu horário controlado. Isso já rendeu até ação do Ministério Público que obrigava a prefeitura a colocar relógio ponto nos locais de trabalho. Durante todos esses meses de greve, inclusive, os médicos grevistas não iam trabalhar nas Unidades Básicas ou no Pronto Atendimento, entretanto marcavam plantões, faziam consultas, etc. nesse mesmo horário. Era uma situação muito cômoda. A greve começou em abril mas somente em julho a prefeitura começou a cortar o ponto dos faltosos. Menos dinheiro no bolso faz com que as pessoas fiquem mais suscetíveis ao diálogo. 

2 - Mudança de postura da UAB:  O movimento grevista tem mais de 500 dias mas somente depois de julho a UAB começou a questionar, com veemência, a greve. O antigo presidente, Daltro da Rosa Maciel, é afiliado político do vereador Eloi Frizzo (PSB), aliado de primeira hora do governo Sartori. Isso fez com que a UAB ficasse num silêncio constrangedor e não tomar nenhuma atitude de mobilização. O novo presidente que tomou posse em julho, Valdir Walter, não é tão "apegado" ao governo e em poucos dias fez movimentos importantes que constrangeram tanto a prefeitura, quanto o sindicato médico. As visitas que a entidade fez a algumas UBS, e que foi relatado na audiência pública de agosto, mostraram graves problemas de gestão do sistema público de saúde de Caxias do Sul. Não era só a greve dos médicos o problema. Era espera para exames, piso caindo, goteiras, filas e por aí vai. 

Como para o movimento sindical fica muito complicado ser contra a greve a entrada da UAB na pressão pela solução da questão ajudou bastante. 

Essas duas ações somadas colocaram os dois lados na mesma mesa de negociação. Infelizmente parece que as partes não assimilaram o pedido do presidente da UAB, que na audiência pública, pediu para "que Deus abra o coração do prefeito e do sindicato médico". 

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