Tanto no Rio Grande do Sul, quanto no Brasil, há dois projetos distintos em disputa no segundo turno


No Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) e José Ivo Sartori (PMDB) farão o embate desse segundo turno. Tarso tenta quebrar a "tradição" de que o Rio Grande do Sul, não reelege nenhum governador. No primeiro turno travou um embate pesado contra a senadora Ana Amélia Lemos (PP). O discurso do petista conseguiu desmontar a candidatura da progressista, mas não foi o suficiente para garantir a liderança. Ana Amélia despencou tanto que chegou em terceiro lugar. Considerando a primeira pesquisa Ibope, a senadora perdeu 1,2 milhões de votos entre 19 de julho e 6 de outubro. Com Sartori aconteceu exatamente o contrário. Com um começo tímido, o candidato do PMDB, foi crescendo ao longo da campanha. Os votos que Ana Amélia perdia foram basicamente para Sartori.

A questão que decidirá o segundo turno é qual o modelo de estado que os gaúchos vão querer. O modelo que Tarso vem implementando que valoriza o papel do Estado como fomentador das políticas públicas e valorizando o desenvolvimento regional, ou o modelo do PMDB que Britto, Rigotto e que integrou o governo Yeda, onde a redução do estado era uma prática recorrente.

O modelo do PMDB, de Sartori, é o que criou o pedágio de Farroupilha, o que deixou Caxias 9 meses sem médico, que criou as escolas de lata, que sucateou a UERGS, desmontou a Emater, o Detran, dos parcos investimentos em saúde e o da inexistência de políticas sociais.

O modelo de Tarso é o que criou a UERGS, no governo Olívio, que acabou com o pedágio de Farroupilha, que criou o Passe Livre, que investiu 12% do orçamento em saúde, que reestruturou a Emater, e o Detran, que reajustou significativamente os salários dos professores, brigadianos e servidores públicos, que reajustou o salário mínimo regional bem acima da inflação.

Esses dois modelos encontram similar na disputa presidencial. Depois que o tsunami Marina Silva (PSB) demonstrou ser apenas uma onda, Aécio Neves (PSDB) conseguiu recuperar o terreno perdido para a Marina. Dilma (PT) chega ao segundo turno com uma margem menor do que as pesquisas apontavam. Aécio chega com a curva de intenções de voto ascendente, o que deve se demonstrar no primeiro levantamento (sério) que for publicado.

O desafio de Aécio é provar, para a maioria da população, que seu governo não será uma volta ao passado, embora essa seja uma tarefa muito difícil. Ao seu redor está todo o séquito que governou ao lado de FHC por oito anos. O governo FHC deixou como legado a inflação, o desemprego e o arrocho salarial. Por mais que digam que foi o Plano Real que salvou o país, o país precisou ser salvo de FHC. As privatizações de Vale do Rio Doce por 10% do valor de mercado e a mudança do nome da Petrobras para Petrobrax (para ser mais facilmente vendida) são testemunhos dessa época.

Aécio vem com esse passado. Programas sociais como o ProUni, Pronatec, Ciências sem Fronteiras, Minha Casa Minha Vida, Pronaf, Plano Safra, Mais Médicos, UPAs, Farmácia Popular e Bolsa Família estão condenados ao fim pois eles exigem mais presença do Estado e um maior investimento dos bancos públicos, coisa que não está na cartilha tucana.

Em 2002 a Caixa Econômica Federal emprestou R$ 3 bilhões para casa própria, a maior parte para pessoas de alta renda. Em 2013 foram R$ 130 bilhões a grande maioria para baixa renda. Esse é o legado que a presidenta Dilma tentará manter. Sua candidatura está fortemente baseada nos programas sociais que tiraram 36 milhões de brasileiros da pobreza e mas baixas taxas de desemprego. Além disso as obras de infraestrutura fomentadas pelo governo federal tiraram da miséria regiões inteiras como a metade sul do estado. Não é a toa que nas regiões que eram sempre esquecidas pelo governo federal é onde a presidenta Dilma encontra os melhores índices de votos. O voto tucano concentra-se onde sempre havia privilégios. O voto em Dilma está onde as pessoas eram esquecidas. Uma grande parte desses "invisíveis" virou classe média. Vários optaram por Marina, Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV), a questão da eleição nacional é se esse eleitoral vai seguir cegamente, como no tempo da velha política, o que a liderança recomenda ou vai ficar com alguém que tem o discurso mais próximo de sua realidade.

A partir de hoje, às 20h30 começa o programa eleitoral na TV. Para governador começa no sábado. Haverá muito debate e ele será intenso.

Comentários

  1. Caro Sr. Polenta, preciso falar com você, urgentemente. Por favor, envie mensagem para o e-mail oficial do Cloaca News: cloacanews@gmail.com
    Grande abraço!

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