Governo Sartori: 100 Dias, Sem Propostas, Sem Atuação

Ao completar 100 dias de mandato o governador Jose Ivo Sartori (PMDB) a única certeza que se tem é que o governador se comporta exatamente como fazia em campanha, ou seja, sem dizer uma única proposta com começo, meio e fim.

Nesses 100 dias o governo estadual se dividiu entre a choradeira pela crise econômica do estado e as trapalhadas por ações impensadas. Por trás de uma cortina de inoperância começam a ser gestados propostas que representarão um desmonte dos serviços públicos no Rio Grande do Sul.

A primeira iniciativa de Sartori foi decretar um calote, de 180 dias, no pagamento de fornecedores. Quinze dias depois ele sanciona a lei que reajuste seu próprio salário, do vice e dos secretários. Mesmo com o corte e fusão de secretarias, no total o secretariado de Sartori custa mais caro do que o de Tarso.

Não resistindo a pressão Sartori decidiu que iria devolver, aos cofres públicos, a diferença do aumento de salário. Promessa que até agora não se sabe se o governador cumpriu. Pouco tempo depois a Casa Militar abre uma licitação para a compra de roupa de cama, mesa e banho para o Palácio das Hortênsias, em Canela. Entre os itens estavam toalhas de algodão egípcio. Nova pressão, nova desistência.

Alguns dias depois o governador estendeu uma agenda oficial no sul do Estado para encaixar uma ida, de helicóptero, na feijoada de aniversário de um vereador do PMDB em Xangri-lá. No mesmo final de semana, uma decisão do secretário estadual de Saúde, suspendeu o serviço de socorro áereo do estado. Isso gerou uma crise entre a antiga equipe que precisou passar por cima da decisão do secretário para garantir o atendimento de uma criança que caiu do 3º andar de um prédio, em Capão da Canoa, e que precisava de remoção para Porto Alegre. O secretário chegou a dizer que o serviço era desnecessário, voltou atrás, falou que vai manter, mas com uma equipe nova.

No começo de março Sartori implementa o estilo terrorista ao afirmar que não sabe se conseguirá pagar os salários do funcionalismo em dia. No final de março os salários foram pagos, mas o discurso de atraso ou parcelamento continua para abril.

A política de corte de pagamentos e da redução de custos implementada pelo governo Sartori tem causado a forte diminuição de serviços públicos. Hospitais filantrópicos, que ficaram sem receber repasses do governo do estado ameaçaram suspender atendimentos. A redução das horas extras na Brigada Militar retirou policiais da rua e fez com que o crime de assalto a banco disparasse nos primeiros três meses do ano. Os cortes também atingiram a nomeação de 650 novos policiais civis e 1900 bombeiros e policiais militares.

Sartori também mudou o discurso das poucas afirmações que ele fez em campanha. Bandeira de seu vice, João Paulo Cairolli (PSD), o fim do imposto de fronteira, está longe do fim. O governo do estado não consegue abrir mão desse imposto e manter o discurso dos problemas financeiros do estado. Além disso o governo estadual tem recorrido aos saques na conta de depósitos judiciais - a mesma que Sartori criticou fortemente seu antecessor durante a campanha.

De concreto mesmo há apenas a privatização do zoológico de Sapucaia. Na lista de possíveis medidas estão as demissões de 1000 servidores da Emater, o aumento do ICMS de 17% para 18%, o aumento do limite de saques dos depósitos judiciais para 90% e a venda de 49% do controle acionário do Banrisul.

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