A quem interessa desacreditar o Enem?


Todo o ano é a mesma coisa. Dessa vez até demorou. Primeiro a gráfica do grupo Folha de São Paulo permitiu o vazamento de uma prova. Depois um professor que participou de elaborações de questões as usou para os alunos de uma escola particular. Mais recentemente a disputa, insana, para a contestação da nota da redação. Agora a polêmica dos erros de português e da receita de miojo no meio de uma redação.


No final das contas a quem interessa que o Enem deixe de ser instrumento de entrada na Universidade?


Obviamente quem mais perdeu com isso foi o mercado paralelo, não regulamentado, dos cursinhos Pré-Vestibulares. Desde o início do Enem essas escolas, que tinham um negócio milionário, estão penando a procura de clientes. Tanto isso é verdade que coube a esses "empresários do ensino" fazerm cursinhos preparatórios ao Enem!


Ao lado dos "empresários do ensino" estão obviamente os "empresários da comunicação". Concursos vestibulares geram cadernos especiais em jornais e movimento publicitário nos períodos de vacas magras da publicidade. Obviamente não é só dinheiro que move o interesse dos conglomerados midiáticos contra o Enem. Por traz disso estão o acesso das camadas mais populares da sociedade ao ensino superior. Se o filho do trabalhador tiver oportunidade de estudo ele vai quebrar o círculo vicioso da dominação da sociedade e isso é muito perigoso para a elites.


A redação "miojo"


Carlos Guilherme Custódio Ferreira que ficou "famoso" depois que ele mesmo vazou a sua redação onde, entre 3 parágrafos que tratavam do assunto proposto, inseriu uma receita de miojo. As quatro linhas levaram a "orgasmos" os veículos de comunicação que fizeram uma festa com o assunto, já que Ferreira recebeu 560 pontos, de 1000 possíveis.


O que ninguém questionou foram os motivos que um estudante de Engenharia Cívil, da Universidade de Lavras (MG) resolveu fazer a prova do Enem. Ele alega que "fiz a prova por teste mesmo". Como assim, teste? Alguém resolve passar dois dias fazendo uma prova para testar ela?


Não sei quanto a vocês, mas para mim isso é muito, muito estranho.


Reportagem da Zero Hora é quase criminosa

A edição de hoje da Zero Hora, com direito a manchete bombástica e sensacionalista, a matéria fala que "duas professoras gaúchas decidiram romper o contrato de sigilo para revelar bastidores da prova.". As revelações "estarrecedoras" são na verdade travestidas de "elitismo acadêmico". As orientações para correção, tão combatidas, pela dita professora, são aquelas que dizem que a correção da prova deve ser avaliada em vários aspectos e que disparar notas "zero" a torto e a direito não deve ser regra.

A reportagem que nada traz de bombástica, e em nada ajuda a discutir a educação mais profundamente, desbanca para o surrealismo, quando a entrevistada resolve dizer sobre os critérios para as escolhas dos avaliadores:

"A inclusão parte de convites. Acho que funciona por ligações políticas."

Quer dizer que ela foi incluída também por critérios políticos?

A imprensa não enxerga seus próprios erros

Aqui compartilhamos um link do Cloaca News que demonstra que a mídia tem muito pouco a questionar sobra a qualidade ortográfica dos alunos do Enem. Vejam e constatem os inumeros erros de português de nossos "grandes veículos de comunicação". Leia aqui.

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