Folha de São Paulo: Internet será bem pior se a neutralidade não for garantida

Editorial da Folha de São Paulo de hoje é uma resposta contundente aos críticos do Marco Civil da Internet. A Folha, que nunca foi pró Governo Lula e Dilma, afirma logo de cara que o Marco Civil da Internet não foi votado na Câmara por conta de "interesses diversos, mas nunca os dos usuários".

E vai mais longe. Afirma que o PMDB se monstra irredutível apesar da atuação direta do Planalto. O editorial afirma, e é verdade, que o PMDB não quer dar seu aval à neutralidade da rede, princípio que impede empresas de telecomunicações de cobrar mais caro ou diminuir a velocidade de conexão em função do tipo de conteúdo acessado pelo usuário.

Ainda o editorial afirma que especialistas garantem, em uníssono, que a internet será bem pior se a neutralidade não for garantida. O PMDB, ainda assim, prefere ampara as razões comerciais das teles.
O editorial elogia o relator do projeto, deputado Alessandro Molon (PT/RJ) que "tem se mostrado firme na defesa dos cerca de 100 milhões de internautas brasileiros".

Mais a frente o editorial faz uma crítica ao artigo que prevê a remoção de conteúdo com direito autoral. O jornal questiona que haverá um vácuo entre a aprovação do Marco Cívil e a legislação que ira versar sobre o assunto o que faria com que os sites fossem corresponsáveis pelos conteúdos de terceiros, sempre que houver violação de direito autoral. Essa saída é crititcada pois protegeria somente os interesses de grandes redes de televisão, "as quais importa impedir, por todos os meios, a divulgação imprópria de seus conteúdos".

O editorial da Folha de São Paulo é a jogada de toalha para o setor reacionário da sociedade que vê no Marco Civil uma tentativa de censura de rede. A Folha diz exatamente o contrário. Só com o Marco Civil é possível garantir a liberdade de expressão na rede.

Veja abaixo a íntegra do editorial:


Editorial: Internet para o usuário


Já se tornou rotina. Embora o projeto tramite em regime de urgência, semanas começam e terminam sem que o Marco Civil da Internet seja votado na Câmara. Interesses diversos, mas nunca os dos usuários, têm impedido que os deputados cheguem a um consenso.

Uma reunião entre os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) não bastou para que líderes da base governista se inclinassem a aprovar a proposta. Apesar da atuação direta do Planalto, o PMDB, maior aliado do PT no governo federal, mostra-se irredutível.

O partido não quer dar seu aval à neutralidade de rede, princípio que impede empresas de telecomunicações de cobrar mais caro ou diminuir a velocidade da conexão em função do tipo de conteúdo acessado pelo usuário.

Especialistas não têm dúvidas. Afirmam, em uníssono, que a internet será bem pior se a neutralidade não for garantida. O PMDB, ainda assim, prefere amparar as razões comerciais das teles.

Nesse ponto, o relator do projeto, Alessandro Molon (PT-RJ), tem se mostrado firme na defesa dos cerca de 100 milhões de internautas brasileiros. Em outros temas, porém, a discussão prolongada o levou a incluir no texto inaceitáveis ameaças à liberdade de expressão.

A maior delas se esconde sob o véu da proteção aos direitos autorais. De acordo com a proposta, sites somente serão responsabilizados por danos decorrentes de conteúdos gerados por terceiros se, após ordem judicial, não removerem o material questionado.

Com essa formulação, a regra é adequada. Provedores não tem condições de analisar tudo o que será postado por terceiros; se pudessem ser imediatamente responsabilizados, agiriam de forma preventiva para bloquear a difusão de qualquer conteúdo sobre o qual repousassem suspeitas mínimas. Seriam evidentes os prejuízos à liberdade de expressão na internet.

Ocorre que o projeto cria exceção para questões ligadas a direitos autorais. Nesses casos, a diretriz não se aplicaria. Em versões recentes, o texto deixa o assunto para regulação posterior. Até lá, valeriam as normas estatuídas na legislação autoral hoje em vigor.

A solução é canhestra. Abre-se uma janela para que, enquanto não for criada lei específica, sites sejam corresponsáveis pelos conteúdos de terceiros, sempre que houver violação de direito autoral.

Dessa forma, o Marco Civil da Internet protegeria, por exemplo, os interesses de grandes redes de televisão, às quais importa impedir, por todos os meios, a divulgação imprópria de seus conteúdos.

Os usuários, mais uma vez, sairiam sacrificados --algo inadmissível para um projeto apelidado de Constituição da internet.

Comentários

  1. Este comentário não precisa ser aceito, só estou mandando ele para que seja feita uma correção no terceiro parágrafo:
    "Ainda o editorial AFIRMA que especialistas AFIRMA, um uníssono, que a internet será bem pior se a neutralidade não for garantida".
    Além disso seria interessante ter uma ferramente destinada apenas para correção das noticias publicadas, tanto equívocos de português quanto dados ou noticiais.
    Att.

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