Tratamento diferenciado para a ocupação da Estação Férrea

Nada como um dia depois do outro para se comprovar como as coisas funcionam. No caso são dois finais de semana diferentes, duas atividades culturais diferentes, duas atividades com um tratamento completamente diferente do poder público.

Enquanto o Mississippi Delta Blues Festival, que aconteceu de 20 a 22 de novembro, mereceu todo o apoio do poder público, cercando uma área enorme da Estação Férrea, permitindo a ocupação do espaço público, mandado às favas a regulamentação de silêncio, disponibilizando forte aparato da guarda municipal e até da brigada militar; o outro evento, que ocorreu domingo (30), a "Batalha da Estação de Caxias do Sul", um evento do Hip-Hop, também recebeu a visita da Guarda Municipal e da Brigada Militar, mas foi para reprimir todo mundo.

É impressionante como o tratamento diferenciado, para públicos diferentes ficou evidente nesses casos. Quando você tem um evento com o ingresso custando R$ 160,00 você tem todo um aparato público, pago com o dinheiro dos impostos, para fazer com que os produtores do evento tenham ainda mais lucro.

Quando um evento é realizado por jovens, quase todos da periferia, quase todos negros, quase todos com pouco dinheiro, você recebe em troca, "mão na parede".

Na página do evento há ainda relatos de abuso de autoridade cometidos por integrantes de Guarda Municipal. Esse, infelizmente é o tratamento dado à juventude da periferia de Caxias do Sul. Em dia de Passe Livre é eles que são revistados nos ônibus. É eles que são considerados suspeitos e é eles que vão parar com a mão na parede.

O Movimento Hip-Hop só tem valor para a prefeitura quando é época de eleição e, tentando cooptar alguns integrantes, tentam usar o movimento para "dialogar com a juventude".

Esses jovens não podem ter feito mais barulho que um festival com diversos palcos montados e shows até às 4 horas da manhã. Qual o motivo para tamanha repressão policial? É porque são pobres e quase todos pretos.

Comentários

  1. Em Santa Maria quando rolava o Passe Livre, as lojas do Calçadão se fechavam, assim como o único Shooping que tem no centro da cidade, enquanto tudo estava fechado, o número de viaturas e de policiais aumentava mais e mais no centro da cidade, isso sem contar que não acontecia nenhuma atração cultural para o pessoal da periferia. Aqui sempre foi difícil conseguir um apoio pra fazer certos eventos. Hoje em dia tem o CO-RAP assim como vários outros grupos de RAP que permanecem na resistência e nessa luta, hoje estamos conquistando o nosso espaço mesmo sem a ajuda deles, sem contar que vamos até a periferia pra fazer alguns eventos e levar essa luta junto com a informação pro pessoal fazer parte das lutas e dos movimentos que tem aqui na cidade. Acho um absurdo esse tipo de atitude, é uma atitude preconceituosa e o pior de tudo é que se nós formos ler um jornal da cidade, iremos encontrar textos falando mal dos nossos jovens. Cultura pra quem?

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  2. Minha amiga passou la na frente e um deles levantou a saia dela, muito legal isso, andam na rua e ficam te encarando querendo arrumar briga. Comecem a melhorar seu caráter e respeitem os de mais e dai sim acredito que não serão mais revistados.

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  3. O Mau e Velho preconceito racial e Social que impera na Serra Gaúcha

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