Execuções na Indonésia põem em xeque eficiência da pena de morte

China é o país que mais executa prisioneiros e o número
cresce todos os anos
Há 160 pessoas condenadas a pena de morte na Indonésia nesse momento. Mesmo assim o pais é um dos mercados mais atraentes, do Sudeste Asiático, para o tráfico internacional de drogas. O arquipélago que é um paraíso turístico serve, também de porte de entrada para cocaína, e outras drogas em toda a Ásia e Oceania.

O brasileiro Marco Archer sabia dos riscos, mas sabia muito bem dos lucros. A escritora australiana Kathryn Bonella, autora do livro Nevando em Bali, traça um perfil dos traficantes do país. "Eles eram todos de classe média, com escolaridade e conhecimento razoável de inglês. Entraram no tráfico pela curtição, não por uma necessidade econômica. Queriam viver tendo do bom e do melhor. Bem diferentes das 'mulas' (transportadores de droga), que recebem pouco dinheiro para muito risco. Um dos brasileiros que conheci em Bali podia ganhar uma fortuna com uma viagem bem-sucedida".

As penas, que já eram pesadas, ficaram pior com a mudança do governo. Para resolver os problemas de ordem interna que são a grande desigualdade social e os inúmeros casos de corrupção, o governo do presidente Joko Widodo estabeleceu um plano de executar, pelo menos 5 condenados por mês. Os fuzilamentos fazem parte de uma política do novo presidente do país de aumentar a aplicação da pena de morte, usando as vidas dos prisioneiros como um instrumento de propaganda.

Atualmente 57 países tem a pena de morte vigente no mundo. Nesses países há 23 mil pessoas aguardando o cumprimento das sentenças. A China, provavelmente, é o país que mais executa prisioneiros. O provavelmente, nesse caso, é porque o país trata as estatísticas de execução como segredo de estado. Mais de 80% dos especialistas ouvidos por um estudo americano consideram que a pena de morte não reduz a criminalidade.

O medo diante do crime às vezes leva as pessoas a apoiarem a pena de morte como uma suposta solução mágica que as deixaria seguras. Isso é uma ilusão. O caminho rumo a políticas eficazes de segurança é longo e difícil e passa por medidas como a construção de forças policiais bem entrosadas com a comunidade, um judiciário eficiente e a eliminação de condições de pobreza e discriminação que fomentam a violência. No próprio caso do tráfico de drogas – tema central nas execuções na Indonésia – diversos países experimentam alternativas à abordagem da repressão total, passando por distintas formas de tratá-las como uma questão de saúde pública, e não de crime.

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