Gravações do MP mostram que Jardel negociou 10 cargos para votar favorável ao aumento do ICMS

Com informações Correio do Povo 

Partidos de oposição anunciaram na final da manhã desta segunda-feira na Assembleia Legislativa a existência de gravações que apontariam que o deputado Mario Jardel (PSD) teria negociado seu voto em aprovação de projetos de interesse do Executivo gaúcho em troca de cargos. "Em parte dos áudios transcritos, o Ministério Público (MP) atesta que em tese existia uma negociação do parlamentar com o governo em troca do recebimento de 10 cargos. Em especial, o recebimento de cargos em troca do voto para a redução do teto das RPVS", declarou o presidente da comissão de Ética da Assembleia, deputado Juliano Roso (PCdoB).

Ainda segundo Roso, em uma das transcrições há a informação que uma das pessoas recebedoras dos cargos não precisaria "nem trabalhar, era só aparecer de vez em quando". Conforme Roso, a documentação foi obtida após ele solicitar ao MP o procedimento investigatório completo e receber um DVD que contém 1.318 páginas. Em um segundo momento, como parte das transcrições não ficava clara, o parlamentar fez nova solicitação e recebeu quatro DVDs, também já analisados.

A terceira solicitação diz respeito aos aúdios brutos da investigação, que ainda não foram recebidos. As informações não constam no relatório do corregedor-geral da Assembleia Legislativa, deputado Marlon Santos (PDT), porque ele ainda não teria acessado os dados.


Os 10 bonecos


Nas transcrições que estão de posse do deputado Roso, dois assessores de Jardel falam de um funcionário comissionado lotado na Casa Civil que seria intermediário nas negociações envolvendo o deputado do PSD e o Executivo. Segundo o presidente da Comissão de Ética, na referência dos 10 cargos são citados "10 bonecos que teriam que ser colocados no governo do Estado". "A principio, o que lemos no relatório do MP, a nomeação dos bonecos coincide com a votação das RPVS", informou Roso.

Ainda durante a coletiva de imprensa, o deputado Pedro Ruas (PSol) lembrou que ouviu todos os depoimentos prestados ao corregedor da Assembleia sobre o caso Jardel e disse que uma testemunha de nome Valmir fez referência também à existencia de negociações envolvendo o voto do deputado Jardel no projeto de aprovação das alíquotas do ICMS. "Este depoimento está gravado e caso isso se confirme indica 'vício de vontade' de forma que podemos solicitar a anulação da votação do projeto", informou Ruas.

A assessoria de imprensa do governo do Estado afirmou à reportagem que ainda apura a informação referente às gravações e deve se pronunciar em breve através da Casa Civil. O governador José Ivo Sartori está em Brasília, onde participa de reunião com a presidente Dilma Rousseff.

Já assessoria do deputado Mário Jardel relatou que somente o advogado do parlamentar está autorizado a se pronunciar sobre o assunto. Jardel tinha coletiva marcada para hoje, mas ela foi adiada.


Processo de cassação


Jardel é alvo de um processo de cassação, cuja base do pedido é o uso de cocaína e a relação mantida com traficantes para a obtenção da droga. Segundo o Ministério Público, há provas de que o parlamentar cometeu crimes de concussão, falsidade documental, lavagem de dinheiro e peculato, comandando um esquema fraudulento, com objetivo de obter benefícios financeiros com verba pública.

Por enquanto, Jardel segue suspenso apenas pelo PSD, onde responde a processo na Comissão de Ética da sigla. A Justiça reviu a decisão de suspender Jardel das funções de deputado, por seis meses, depois de ser questionada pela Assembleia, que sustentou ter a prerrogativa exclusiva para esse tipo de punição.

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