Hospitais do interior do Estado paralisam em protesto contra atrasos do governo Sartori

Há mais de um ano hospitais vem protestando contra o descaso
do governo Sartori


Por Fernanda Canofre/Sul 21

Três hospitais do interior do Rio Grande do Sul – Santana do Livramento, Uruguaiana e Vera Cruz – começaram paralisação em protesto aos atrasos e parcelamentos do governo de José Ivo Sartori (PMDB), nesta segunda-feira (28). A previsão é de que até o fim do dia mais cinco instituições – dos municípios de Cruz Alta, Palmeiras da Missões, Soledade, Lagoa Vermelha e Caiçara – se juntem à mobilização.

A paralisação é resultado dos atrasos de pagamentos e parcelamentos de salários que se tornaram frequentes desde o ano passado. Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores em Saúde do RS (FEESSERS), Milton Kempfer, o salário de outubro, que deveria ter sido pago durante o mês de novembro, ainda está atrasado. Os trabalhadores têm medo que os atrasos sejam ainda maiores para os salários de novembro, dezembro e para o 13º, como já ocorreu com gestões anteriores.

“A Estado tinha que ter depositado na semana passada e não depositou. Ele teria que pagar o dinheiro do faturamento dos hospitais filantrópicos, que normalmente recebem no início, no meio e no fim do mês”, explica Kempfer.

A Federação aponta ainda problemas com recebimento de férias, FGTS e outros direitos que estão sendo desrespeitados. De acordo com a FEESSERS, os trabalhadores têm relatado com frequência assédio moral das chefias e quadros de depressão.

Segundo Kempfer, a paralisação iniciada hoje envolve 2 mil funcionários. Os atrasos que se tornaram uma constante desde 2015, já causaram a demissão de cerca de 6 mil trabalhadores da saúde em todo o Estado. A estimativa para esse ano é de que o número cresça para 10 mil. Com as saídas deles, as vagas são frequentemente fechadas e os serviços ainda mais precarizados.

“Eles atrasam o pagamento de funcionários, há demissões sem novas contratações. Isso está acarretando demora em diagnósticos e tratamentos e tem toda uma consequência direta. Em 2015, se olhar o boletim epidemiológico, vais ver que as mortes em geral aumentaram. Agora começa o verão com questão de dengue, chikungunya, pode ser bem grave”, diz ele.

Hospitais estudam fechar as portas


Os hospitais filantrópicos também reclamam a suspensão do pagamento do Incentivo de Cofinanciamento da Assistência Hospitalar (IHOSP) – incentivo criado no governo Tarso Genro (PT), para complementar o custeio na assistência hospitalar, para garantir atendimentos no Sistema Único de Saúde – adotada desde o início do governo Sartori. Em tese, o repasse seria obrigatório já que é contratualizado entre o Estado e as instituições.

A FEESSERS diz que há hospitais já estudando a possibilidade de fechar as portas no próximo ano, sem condições de manter o funcionamento. O Hospital de Caridade Brasilina Terra, em Tupanciretã, na região centro-oeste do Estado, já avisou que no início de dezembro deve dar aviso prévio aos seus 96 funcionários. Para 2017, a Federação prevê “caos” no sistema de saúde.

Os sindicatos ligados à saúde também já registraram denúncias quanto aos atrasos de pagamento junto ao Ministério Público, mas segundo Kempler, a situação estaria “lenta”. Quanto à resposta do governo, o presidente diz que enquanto a Secretaria de Saúde diz que a relação dos funcionários é apenas com os hospitais, os hospitais respondem que não podem pagar enquanto o governo do Estado não repassa a verba.

“Estamos em um mato sem cachorro”, afirma Kempfer. “O que se espera é o governo regularize o repasse, senão entra dezembro, outubro ainda não foi paga e tem novembro, o 13º e dezembro. Se já não consegue honrar agora, imagina como vai ser”.

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