Brasília está florida - começa a IV Marcha das Margaridas

Milhares de mulheres participaram do primeiro dia de debates e oficinas da Marcha das Margaridas.

As margaridas mostram a que vieram, e ressaltam que esta Marcha reflete o processo de resistência, luta e construção cotidiana de alternativas geradoras de igualdade para as mulheres do campo e da floresta.

No dia 16 de agosto, a Cidade das Margaridas, construída no Parque da Cidade, em Brasília, foi sede de uma série de debates em torno dos eixos da IV Marcha das Margaridas. Além dos painéis centrais sobre o lema “Desenvolvimento Sustentável com Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade”, as oficinas aprofundaram questões estruturantes para um projeto de sociedade baseado na igualdade entre homens e mulheres.

Entre eles, estão os debates vinculados a Terra, Água e Agroecologia; Autonomia econômica, trabalho e renda na organização produtiva; saúde das mulheres e autonomia sobre seu corpo; violência contra as mulheres.

Uma exposição fotográfica reúne a memória desta luta e a Mostra Nacional da Produção das Margaridas visibiliza o trabalho feito cotidianamente pelas mulheres, apontando também os desafios que são apresentados para que as políticas públicas avancem de modo a contribuir para a construção de igualdade.

Outro destaque do dia de hoje foi o lançamento da Campanha contra os Agrotóxicos, com a apresentação do documentário “O veneno está na mesa”, de Silvio Tendler.

Do reconhecimento como trabalhadoras – questão importante até hoje para as mulheres rurais – ao direito a políticas de incentivo a organização produtiva, acesso a terra, reforma política, autonomia econômica e sobre seus corpos, a agenda política desta Marcha das Margaridas expressa um acúmulo feminista das mulheres trabalhadoras rurais.

A plataforma política da Marcha das Margaridas apresenta uma visão de mudança global no modelo de desenvolvimento desde uma perspectiva feminista, ao mesmo tempo em que articula questões bem concretas para a alteração da vida das mulheres. Destacam-se, neste sentido, a reivindicação forte por creches públicas no campo, incidindo na divisão sexual do trabalho; a denúncia da violência sexista como estruturante do modelo e a reivindicação de políticas de enfrentamento a esta violência; a reivindicação da garantia do SUS no campo e do direito a ter autonomia sobre o corpo, com a legalização do aborto.

As reivindicações por políticas de apoio a organização produtiva das mulheres, o acesso ao crédito e a assistência técnica, seguem com centralidade na agenda das Margaridas. Os acúmulos de debates e práticas das mulheres trabalhadoras rurais consolidam uma luta pelo direito a serem sujeitos da agricultura, com autonomia no acesso às políticas públicas (independência do marido) . Esta luta é, portanto, parte integrante da reivindicação feminista pela autonomia das mulheres como base de relações de igualdade e liberdade.

Mais uma vez, as mulheres farão ecoar suas vozes e determinação, afirmando que “seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!”

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