Presente de Natal de caxiense é aumento da passagem de ônibus

Campanha criada pelo movimento contra o aumento
Nada atinge mais o trabalhador do que o aumento da passagem de ônibus. Em Caxias isso é pior, pois aqui, quem trabalha em uma média ou grande empresa tem transporte próprio da empresa, os outros tem até vale transporte. Mas o trabalhador informal, o autônomo, aquele que ainda não está incluído na legislação de proteção ao trabalhador é o que mais sofre. Sofre, também, todos os que tem filhos na escola, que mesmo com a meia passagem, tem uma parte de seu orçamento ocupado pelo custo de transporte.

Já faz anos que a reunião do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte, que quase sempre reune-se uma vez por ano apenas, acontece no final do ano, nas vésperas do Natal. Nesse ano não será diferente. A reunião do conselho estaria agendada para às 10 horas do dia 21 de dezembro, sexta feira, (1 hora depois do "fim do mundo" pelo calendário Maia).

Segundo a Secretaria Municipal de Trânsito os cálculos para no novo reajuste apontariam um aumento de 8,15% no valor da passagem. Com isso ela passaria dos atuais R$ 2,70 para R$ 2,92 (com o arrendodamento ela ficaria em R$ 2,90). Porém ninguém nunca consegue conferir esses "cálculos". Os conselheiros receberão a planilha no momento da reunião e terão alguns minutos para ler dezenas de páginas que são incompreensíveis a todos os presentes.

Durante todo o período do governo Sartori a passagem de ônibus foi reajusta em 68,75% (excluíndo o próximo reajuste). A inflação nesse mesmo período foi de 43,88%, ou seja, os reajustes concedidos ao transporte público superaram, em muito, os índices inflacionários. Sem falar que nesse período houve a renovação do contrato de prestação de serviço para a Visate.

Porém pode ser que a reunião do Conselho de Transportes possa ser puro jogo de cena. Por desconhecimento do processo de reajuste ou por fazer pouco caso mesmo, o colunista Marcio Serafim, na coluna Mirante de hoje, afirmou que o prefeito Sartori já teria se decidido pelo valor de R$ 2,85 que seria apenas o repasse da inflação (5,56%). Se acontecer do conselho aprovar um índice maior e o prefeito optar por um menor fica claro que já havia uma combinação para fazer um agrado falso. 

Mobilização contra o aumento

Uma mobilização, que começou pela internet há algumas horas, busca questionar esse novo aumento. O movimento tem uma página no Facebook (acesse aqui). Em 12 horas já havia 260 curtirs na página.

Além do aumento ainda há a perda de direito. A prefeitura questionou a constitucionalidade, e ganhou, da gratuitade para pessoas entre 60 e 65 anos. Ela foi mantida por decreta do prefeito, para evitar desgaste durante a eleição. Deveria ter sido feito um cadastro dos usuários nessa faixa etária, o que não foi feito.

Também tramita pela Câmara de Vereadores um projeto de emenda à Lei Orgânica (LO) do município que retira, da LO, o direito a meia passagem estudantil. Há muito tempo a Visate briga contra as gratuidades, e tem um bancada muito grande na próxima legislatura para aprovar as mudanças.

Os gargalos do transporte público de Caxias

O transporte público caxiense é caro e ineficiente. Isso os empresários de Caxias do Sul já sabem faz tempo. Tanto que para garantir que seus trabalhadores cheguem com comodidade e, principalmente, no horário, contratam serviços privados de transporte. A frota, privada, de ônibus é maior do que a frota da Visate. Isso contribuí para  que o valor da passagem seja mais caro.

Outro problema são os corredores de ônibus, que em horários de pico, ficam lotados diminuíndo a velocidade e causando demoras e atrasos. Isso só se resolve com ações como a proibição de conversões a direita em todas a quadras e a implantação da troncalização.

Somado a isso, a ampliação do serviço de táxi lotação que estava parada há meses terá a licitação cancelada. O processo de licitação foi tão mal feito pela prefeitura que gerou dezenas de pedidos de revisão que inviabilizaram, em definitivo, o processo todo. Os táxis lotação são elementos importantes para o transporte público, pois, além de prestarem um serviço diferenciado, cumprem itinerários que não são realizados pela Visate.

Enquanto não atacarmos esses gargalos não será o BRT, nem outra invenção de ocasião, que melhorará o transporte público de nossa cidade.

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