A Revolta do 1%

A diferença nunca foi tão evidente
Os meios de comunicação venderam a ideia de que foi o povo que esteve nas ruas no último domingo. Mas certamente a história irá batizar esse evento como a Revolta do 1%.

Não por que houve o aumento de 1% em algum produto ou imposto. Esse 1% simboliza os mais ricos do país. Esse perfil saltava aos olhos de qualquer pessoa que tivesse o bom senso e capacidade de análise.

E as evidências são muitas. Em Porto Alegre eles chegaram de carro até o Parcão, o trânsito foi intenso nas proximidades antes do protesto.

Em Caxias do Sul idem. As paradas de ônibus para a Zona Sul e Norte (e para as regiões mais populares) estavam vazias. Você poderia procurar e seria difícil de achar um negro, mulato, ou até "moreninho" (a não ser quem estava vendendo cerveja ou bandeirinha).

Mas não é só achismo. É científico também. Os institutos de pesquisa foram às ruas e, entrevistaram os protestantes. As conclusões são claras, como os manifestantes. Eles são brancos (87,2%), com emprego (73,6%) e ganham mais de 6 salário mínimos, ou seja mais de R$ 4,728,00 (71,5%). Além disso 76% votaram em Aécio, apesar não terem preferência por nenhum partido (71%).

Esses dados mostram que o perfil está longe de ser popular. Não foi o povo que foi a rua. Foi uma parcela da população, a que ganha melhores salários. A partir dessa informação muitos debates sociológicos podem começar. A parcela mais rica se sente incomodada com a ascensão de milhões de brasileiros aos seus "espaços de convívio" antes considerados exclusivos como universidade, shopping, aeroportos e até Miami!

Diferente de junho de 2013 era quase impossível achar um cartaz que pedia melhorias na saúde, educação e segurança (o grande trio de problemas na época). É lógico, com saúde, educação e seguranças privadas esse problemas não atingem a parcela da população que estava na rua. Também não são atingidos pela alta dos preços (talvez a do dolar), pois isso também não os atinge. Sobra o que então?

O maior problema por 60,1% dos participantes é a corrupção. Algo pouco tangível e que "é uma senhora muito idosa nesse país" como disse a presidenta Dilma. No final das contas o que menos importa é a corrupção. É uma disputa de poder e espaço. Há 12 anos essa parcela da população perdeu o acesso a privilégios e viu outros milhões chegarem ao seu lado.

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