Cunha quer explodir o país para salvar a própria pele


Cid Gomes, da tribuna da Câmara, chamou Eduardo Cunha (/PMDB/RJ) de achacador, ele e mais uma série de deputados. Cometeu sincericídio. Perdeu o cargo de ministro da educação, mas foi o primeiro a enfrentar, depois de eleito, o deputado que se achava intocável.

Mas ele é "tocável" e o golpe veio do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot. No curso das investigações ele conseguiu uma delação premiada de Júlio Camargo, da Toyo Setal, uma das empresas investigada pela Lava Jato. Ele não apenas afirmou, como provou, que Cunha pediu US$ 5 milhões em propina para não atrapalhar os negócios da empresa com a Petrobras. Disse mais. Que ele tinha 260 deputados fieis a ele. Julio ainda apotou que Cunha se utiliza de emissários para intimidar testemunhas.

Tudo isso o transforma no principal acusado de uma série de crimes, inclusive o de dirigir uma espécie de "quadrilha criminosa" que está enraizada no Congresso Nacional e que pode derrubar a República se suas vontades não forem satisfeitas.

E é o que Cunha quer fazer. Acoado com as provas cada vez mais incontestáveis, Cunha disse ontem (17) que abandonava a base do governo (onde de verdade nunca esteve) e ia para oposição. Em um canetaço autorizou 4 CPIs e liberou 11 pedidos de impeachment contra a presidenta Dilma.

Num "dia de fúria" Cunha pôs em risco o País só para se manter no poder. Todo esse barulho é uma tentativa desesperada de colocar uma cortina de fumaça nas acusações que atingem o próprio presidente da Câmara.

Cunha chamou sua tropa de choque, mas, ela não apareceu. O PMDB correu para afirmar que a posição de Cunha não representa a opinião do partido. As principais lideranças do partido reafirmaram o compromisso com a aliança em torno da presidenta Dilma.

A oposição ficou em silêncio. Nesse momento aparecer ao lado de um envolvido em corrupção pega muito mal. PSDB e DEM estão esperando pegar o rescaldo dessa briga toda.

O PSOL e o vice líder do governo na Câmara, Sílvio Costa (PSC/PE) pediram a saída de Cunha da presidência da Câmara. Ontem a hastag #Cunhanacadeia liderou as menções no twitter brasileiro e foi a segunda mais comentada na rede em nível mundial. Até seu pronunciamento em cadeia de rádio e tv para celebrar sua grande produção no primeiro semestre foi abalada por panelaços pelo país todo.

A regra número um na política é a traição. Cunha tem muitos deputados na conta bancária. Ajudou muita gente a conseguir contribuições de campanha para se elegerem, mas será que manterá todos agora que está em fogo cruzado?

A volta do recesso da Câmara é que dirá.

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